Estudo associa poluição do ar a maior risco de doença intestinal .

14/07/2010 15:49

Dióxido de nitrogênio aumenta até duas vezes o risco de problemas no intestinal.

Jovens que vivem em áreas com maior nível de poluição do ar podem ser mais propensos a terem doenças inflamatórias intestinais, segundo estudo recentemente publicado no American Journal of Gastroenterology. De acordo com especialistas da Universidade de Calgary, no Canadá, pessoas com menos de 23 anos têm o dobro de chances de serem diagnosticadas com doença de Crohn se viverem em regiões com altos índices de dióxido de nitrogênio, proveniente, muitas vezes, da fumaça de veículos.

Os pesquisadores analisaram um banco de dados com informações de mais de 360 crianças e adultos diagnosticados com a doença de Crohn e mais de 590 com colite ulcerativa - as duas principais doenças inflamatórias intestinais - no período entre 2005 e 2008, além de relatórios sobre a qualidade do ar. E observaram que a poluição do ar pode ser um fator ambiental desencadeador de doença inflamatória intestinal. Os níveis de dióxido de nitrogênio e de material particulado - ambos, encontrados na fumaça de veículos -, e dióxido de enxofre - produzido em processos industriais - foram associados à doença. 

Os resultados indicaram que pessoas com 23 anos ou mais jovens eram duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas pela doença de Crohn se vivessem nas regiões com maiores níveis de dióxido de nitrogênio, comparados àqueles que viviam em áreas com ar mais puro. E aqueles com até 25 anos tinham duas vezes mais chances de apresentar colite se vivessem em áreas com alta concentração de dióxido de enxofre no ar. Porém, não foi observada uma relação dose-resposta - ou seja, quanto maior a poluição, maior o risco - entre essas substâncias e a doença intestinal.

De acordo com os especialistas, esses resultados não comprovam que a poluição do ar contribui para doenças inflamatórias intestinais - que afeta cerca de um em 500 americanos -, mas levanta a hipótese de que a poluição pode ser um dos fatores ambientais que aumentam os riscos dessas condições marcadas por dor abdominal e diarreia. Eles especulam que essa relação ocorre porque a poluição pode desencadear inflamação crônica no organismo, o que aumentaria os riscos em pessoas geneticamente predispostas à doença. Entretanto, mais estudos são necessários para confirmação. 

Poluição traz complicações

Cada vez mais estudos mostram que a poluição traz muito mais complicações do que pensamos. Outro estudo, divulgado este ano, realizado pela Universidade da Califórnia do Sul e pela Universidade de Berkeley, nos EUA, descobriu que a poluição causada pelos carros é mais um fator de risco para o aparecimento de arteriosclerose, doença que se caracteriza pelo endurecimento da parede das artérias e que favorece o desenvolvimento de aneurismas, derrames e coágulos.

Relacionado à poluição está também o aumento da pressão arterial. De acordo com pesquisadores da Universidade de Dusiburg-Essen, na Alemanha, pessoas que vivem em áreas urbanas, onde há grandes quantidades de partículas de poluição do ar, tendem a ter pressão arterial mais elevada do que aquelas que vivem em zonas menos poluídas.

Outro estudo brasileiro do começo deste ano avaliou 748 trabalhadores que inalam o ar de grandes vias públicas e descobriu ainda que a má qualidade do ar é capaz de influenciar a infertilidade nos homens. Segundo a Unidade de Toxicologia Reprodutiva e de Andrologia do Hospital das Clinicas da FMUSP, ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a poluição é uma das causas modernas mais graves da infertilidade masculina. Os números da pesquisa mostraram que dos 748 pesquisados, 500 apresentavam algum tipo de alteração na fertilidade. 

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